quarta-feira, 8 de julho de 2009

10 anos sem Jayme Caetano Braun

Dez anos depois da sua morte, aos 75 anos, o inimitável pajador de Bossoroca continua sendo reverenciado como um dos maiores artistas do nosso tempo no Rio Grande do Sul e um homem que estava sempre disposto a defender a cultura e os valores do gaúcho no palco ou longe dele Ao completar uma década da morte do pajador Jayme Caetano Braun, o frio parece o mesmo daquele 8 de julho de 1999, em Porto Alegre, numa oposição poética ao calor do dia 30 de janeiro de 1924, quando nasceu em Bossoroca. O pajador missioneiro foi divisor de águas na cultura gaúcha e viveu seus 75 anos com dignidade e reconhecimento. Era poeta comparável aos de fama nacional, mas seus versos ficaram presos entre os horizontes do gauchismo. Foi o maior improvisador e um dos artistas regionalistas mais aplaudidos de seu tempo. Contudo, a pajada somente foi reconhecida oficialmente pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) dois anos após sua morte.
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Foi exército de um homem só por 20 anos, quando começaram a surgir seus primeiros seguidores no improviso, dentre os quais me enquadro. A pajada sobrevive graças a Braun com sua força poética, persistência, defesa dos valores do gaúcho, poder de oratória, postura artística e evolução espiritual. Porque quando ele improvisava, as almas pré-colombianas convertiam sóis e luas pro interior de sua voz. Seus versos campeiros, filosóficos e de protestos possuíam luz transcendental.
Por isso sua poesia foi aplaudida e sentida, tornando-se eterna lança a sublimar corações. Quando pajava, era o Rio Grande cantando. E, entre uma estrofe e outra, se ao pensar fechava os olhos, recebia imagens, transcritas pela linguagem em que a palavra era o ato. Porque os versos removiam os escombros da injustiça, para quebrar o silêncio dos ancestrais massacrados, para mostrar o repúdio ao sofrimento da gente, aos desmandos dos governos e aos feitos ditatoriais que arrancaram sangue e lágrima do povo brasileiro. Era dono de um raro dom, o de reescrever a história e ser divisor do tempo. Tinha razão o poeta Balbino Marques da Rocha que previu o calendário mudado na esfera cultural gaúcha pra antes e após Braun.
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Como todos no universo, em qualquer degrau do tempo, não teve unanimidade da crítica com sua arte, porque cantava solito e resgatava dignamente a tradição de seu povo, que a maioria pensante não sabia da existência. Chegou a ser acusado de imitar castelhanos por ter aprendido a estrutura da Décima Espinela com o poeta uruguaio Sandálio Santos (Nicácio Garcia Beriso). Braun, na pujança de seus 34 anos de idade, estava resgatando o improviso com instrumental de cordas, que hoje sabe-se é o princípio desta arte dos tempos mais remotos no Rio Grande primitivo. Este canto brasileiro esteve presente no período da Revolução Farroupilha. Há registros bibliográficos sobre Pedro Canga (Pedro Muniz Fagundes), Francisco Pinto da Fontoura, Delfina Benigna da Cunha, Francisco Xavier Ferreira... E depois, a Décima Espinela seguiu no tempo com Manuel Luís Osório, Manuel do Carmo (M. Pereira Fortes), Felix Contreiras Rodrigues (Piá do Sul) e outros.
A pajada, resgatada por Braun, tem raiz cultural na herança lusa da lírica medieval da baixa idade média, dos trovadores galaico-portugueses, dos cantadores açorianos e também dos troveiros espanhóis. Ele não o fez por acaso. Quando, em junho de 1958, protagonizou com Santos sua primeira pajada, no 2º Rodeio de Poetas da EPC, em Caxias do Sul, estava preparado. Havia presidido no ano anterior, assessorado de Dimas Costa, João Pio de Almeida e Vasco Leria, a comissão de estudos das correntes da poesia gauchesca do 1º Rodeio de Poetas. Esta comissão tratou, entre outros temas, de pajadorismo, epigrama, vultos exponenciais em cada época e corrente, e década Farroupilha. Por isso, conhecia o caminho que trilhou com talento e sabedoria. Conquistou galpões e palácios, analfabetos e literatos, velhos e jovens, o seu tempo e o futuro. É responsável pelo surgimento de novos pajadores e do chamado Movimento Pajadoril Gaúcho.
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É responsável pelo surgimento do Movimento Pajadoril Gaúcho e inspiração para novos pajadores que alargam os horizontes do verso rio-grandense. A nova geração de repentistas em décima do Rio Grande do Sul torna realidade a integração das três pátrias pampianas, que tanto Braun sonhou. Hoje há discos produzidos com pajadores do Brasil, Uruguai e Argentina, e participações em encontros internacionais nestes países, no Chile, na Venezuela, Espanha e Portugal. Seus seguidores levam seu nome a estes e outros países, e hoje Jayme Caetano Braun é comparável aos principais improvisadores e decimistas do mundo, como Índio Ñabori, de Cuba, Carlos Molina, do Uruguai, e Miguel Candiota, da Espanha.
Seu poder de transformar o mundo vai além da poética, improviso ou tradicionalismo. Num país onde a maioria dos monumentos é de militares e políticos, o pajador consegue mudar o cenário. É o único artista que empresta o nome para um viaduto em Porto Alegre. É também exclusivamente sua, a honra de haver três estátuas para o mesmo poeta no Rio Grande do Sul (Porto Alegre, Passo Fundo e São Luiz Gonzaga). É o único homem civil no Estado cujo nome próprio dá título a um festival: Pajada Jayme Caetano Braun, em Sapucaia do Sul. Tem a data de seu nascimento consagrada por lei como o Dia do Pajador Gaúcho.
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Além dessas, há outras honrarias que não lhes são exclusivas, mas também importantes, como a de ter seu nome na nomenclatura de entidades, a exemplo do Galpão Jayme Caetano Braun, em Porto Alegre e CTG Jayme Caetano Braun, em Brasília. Receber tributos dentro e fora do Rio Grande, a exemplo da Semana Crioula do Prado, de Montevidéu, na qual ele, um pajador argentino e outro uruguaio receberam homenagem póstuma, formando a “Pátria Grande” com a qual sempre sonhou.
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Por estas e outras razões, registrar a passagem de uma década da morte de Jayme Caetano Braun, não é apenas reverenciar um vate inspirado, um pajador magistral, um sábio da regionalidade ou o estro de um pensador gaúcho. É contribuir para salvar do esquecimento esta parcela importante da poesia oral improvisada brasileira, resgatada por ele e mantida com obstinação. É alertar que a pajada é uma arte rio-grandense em legítima contextura com as mais profundas raízes lusitanas, haja vista que a poesia popular portuguesa, segundo Theophilo Braga, é mais antiga que a espanhola. Além disso, é imprimir intrínseca intenção de romper os grilhões que ainda insistem em cercear a cultura gaúcha em relação a dos demais conterrâneos.
PAULO DE FREITAS MENDONÇA

terça-feira, 7 de julho de 2009

COPA DO PROPRIETÁRIO E PROVAS JOVENS

Cabanha São Caetano, localizada no bairro de Belém Novo, Porto Alegre, RS, sediou nos dias 04 e 05 de julho, a IV etapa da Prova Copa do Proprietário 2009 juntamente com prova de jovens. Na Copa participaram 24 concorrentes e outros 45 disputaram as categorias Juvenil e Aspirante. O julgamento ficou por conta de Carlos Quadros, Francisco K. Fleck e João Vicente Sá. A supervisão técnica foi de Marcelo Montano Coelho. A promoção foi da comissão organizadora da Copa do Proprietáqrio com apoio do Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos da 6º Região e Cabanha São Caetano.

COPA DO PROPRIETÁRIO - Amador
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1º lugar - Vinícius Dal Piva da Silva (Sem Fronteira Dom Teju)
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2º lugar - Luiz André T. Barreto (Façanha da Sanguinha)
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3º lugar - Fernando Gonzáles (Ibirapuitã do Kajavú Porã)

4º lugar - Igor Duccós (Queimado da Baroneza)

COPA DO PROPRIETÁRIO - Master

1º lugar - Sérgio Nunes (Morena Linda da Dom Manoel)

2º lugar - Nelson Cibulski (Hidalgo da Morada Nova)

3º lugar - Paulo Brochier Lopes (Discreta Ibiá)

4º lugar - James Angeli (Indaiá da boa Ventura)

JUVENIL FEMININA

1º lugar- Carolina A. Percisi, com Patrão do Morro Verde

2º lugar- Gabriela da Silva Soares, com JO Dalai Lama

3º lugar- Nathália Oliveira da Silva, com Impulso do Recanto

4º lugar-Evellyn Nunes Palharini , com Tenida Sombra

JUVENIL MASCULINA

1º lugar- Luiz Pedro Reis Oliveira, com Truco da Pousada

2º lugar- Antônio Carlos da Silva Neto, com Enigma do Strass

3º lugar- Gabriel Silva Fraga, com Cancioneira da Invernia

4º lugar- Eduardo de Paula, com Farroupilha da Terra Nativa

ASPIRANTE FEMININA

1º lugar- Gislaine Carvalho, com Gavia Vencedor

2º lugar- Tais Peiter Pereira, com Fumarada das Três Coxilhas

3º lugar- Gabriele Kolling, com Camafeu da Carovy

4º lugar- Fernanda Maggi, com Moreno do Intrev. Farroupilha

ASPIRANTE MASCULINO

1º lugar- Bruno Pereira Marques, com Rincão da 3J

2º lugar- Fernando Andriguetti, com Donzela Del Rey

3º lugar- Bruno Pereira Marques, com Legado do Rastreador

4º lugar- Tiago Beltran, com Desafio do Alto do Paraíso